segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SOBRE O LANÇAMENTO DO LIVRO “CORRESPONDÊNCIA – 1873/1908”

Organização, leitura e notas Hirondino Fernandes,

Bragança, Brigantia, 2008-2009.

A publicação da Correspondência de Trindade Coelho, publicada no final de 2009, é um dos mais interessantes acontecimentos literários dos últimos tempos. Oferece um texto fascinante pela beleza da escrita e pela sua riqueza documental.

Hirondino da Paixão Fernandes (o mais erudito de todos os transmontanos) coligiu, leu e anotou, num opulento volume, 511 missivas escritas por Trindade Coelho, entre 1873 e 1908. Estas cartas preenchem quase todo o percurso existencial do autor (desde os 12 anos até ao fim da vida) e dão testemunho do seu relacionamento com cerca de uma centena de destinatários, entre os quais se encontra um amplo leque dos mais ilustres vultos do horizonte literário e cultural português daquele tempo.

A correspondência está organizada e distribuída por ordem cronológica e vem acrescentada com índices exaustivos de lugares, pessoas e assuntos, que facilitam a procura dos aspectos que mais podem interessar a cada leitor.

Percorrendo toda a obra são muitos e bons os motivos que tornam particularmente gratificante a sua leitura.

Salientam-se, pela sua extensão e importância, as 67 cartas de intenso dramatismo emocional dirigidas à lusitanista alemã Luísa EY (um romance-verdade mais bem escrito do que muitos romances epistolares);

A reflexão apaixonada sobre a educação e a política educativa, a discussão crítica e teorética sobre a escrita e a literatura são aspectos que documentam, com grande autenticidade, a conjuntura histórica da época, e que manifestam um raro sentido crítico, uma dimensão cívica, e um vigor intelectual admiráveis. Trindade Coelho foi um grande escritor e um homem sério que cultivou a liberdade e que praticou e defendeu a justiça.

Finalmente, a correspondência revela um transmontano amante da sua terra e da sua gente, generoso para com os seus conterrâneos, e com uma fervorosa vinculação do escritor e da sua criatividade literária às raízes do saudoso pátrio lar.


#Telmo Verdelho

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CURRICULUM VITAE

Telmo Verdelho (1943/11/1).

1.1. Licenciatura em Filologia Românica; doutoramento em Linguística Portuguesa, agregação em História da Língua.

1.3. Professor Catedrático (Universidade de Aveiro) aposentado.

1.4. Actividade docente

— Universidade de Aveiro (1977 — 2007)

— Bolseiro do Governo Francês (1980-84) na Universidade de Paris IV (Sorbonne).

— "Chargé de conférences", na Ecole Pratique des Hautes Etudes, em Paris, (1984).

— Professor Convidado, na Universidade de Paris IV (Sorbonne) (1991/92).

— Professor Visitante na Universidade de Santiago de Compostela em 2000/2001

— Professor Convidado na Universidade da Corunha (2004/2005).

1.5. Participou em várias dezenas de encontros científicos com apresentação de comunicações; integrou muitos júris de concursos e de provas académicas, e orientou e continua a orientar teses de doutoramento e de mestrado nas áreas da linguística, da filologia e da história da cultura.

1.6. Coordenou vários projectos de investigação, o último dos quais, financiado pela FCT, sob a referência de “Corpus” Lexicográfico do Português", mantém na Internet um portal com a abundante informação sobre os dicionários e a lexicografia portuguesa.

1.7. Foi distinguido com o primeiro prémio da Sociedade de Língua Portuguesa e Instituto do Livro (1981)



Principais publicações:



Além de inúmeros artigos versando temas da sua especialidade, publicou os seguintes livros:

As Palavras e as Ideias na Revolução Liberal de 1820. Coimbra, INIC, 1981.

Índice reverso de "Os Lusíadas". Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1981.

As origens da gramaticografia e da lexicografia latino-portuguesas. Aveiro, INIC, 1995.

Dicionarística portuguesa: inventariação e estudo do patrimómio lexicográfico. (em colaboração com João Paulo Silvestre, Aveiro: Universidade de Aveiro, 2007.

O encontro do português com as línguas não europeias, exposição de textos interlinguísticos. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, 2008.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Mais uma exposição de pintura na sede

José Augusto Coelho, brindou-nos mais uma vez com as suas telas, nas quais e através das quais, ele plasma reminiscências que lhe advêm dum passado espaço-temporal que não renega. Bem pelo contrário, faz gala em trazê-las para o presente, em impô-las ao nosso olhar, em embrenhá-las na nossa sensibilidade.
Desde as puídas botas do avô, no quadro “Páginas da Vida” aos verdes e amarelos de vários outros quadros que lhe devem povoar as cearas e as várzeas da saudade, José Augusto Coelho está indelevelmente ligado à terra que o viu nascer e às terras que o formaram.
Daí que a sua pintura, muitas vezes onírica, não deixe de ser límpida, bucólica, romântica e terrena, naquilo que estas expressões têm de mais sincero, de mais enraizado, de mais sensível, de mais material.
Utilizando frequentemente técnicas mistas, como o óleo e o acrílico, e também aqui, simbolicamente, o passado e o presente, somos, perante muitos dos seus quadros, levados a concluir que estando perante uma pintura não susceptível de etiquetagem simplista, não conseguimos discernir se estamos perante uma pintura abstractamente concreta, como uma ou outra tela nos querem transmitir ou se ela é concretamente abstracta como outra ou outra além nos querem fazer deduzir.
#José Luís Castor